
Brasília, 29 de julho de 2025.
Reconhecida pela expressiva contribuição à ciência agronômica, Rosiclér Maria Vanti protagonizou a identificação inédita em campo de biótipo de capim arroz (Echinocholoa crus-galli) com resistência múltipla aos herbicidas auxínicos (quinclorac), inibidores da ALS (penoxsulam) e ACCase (cyhalofop-butyl). A descoberta, confirmada em 2015 por experimentos científicos conduzidos por pesquisadores especializados, foi um marco para a produção de arroz irrigado no Brasil e no exterior. Esse achado permitiu agir com rapidez no controle da praga, evitando que se espalhasse pelas áreas de cultivo e gerasse prejuízos ambientais, sociais e econômicos.
Natural de Veranópolis (RS), Rosiclér é descendente de imigrantes italianos que chegaram à serra gaúcha no final do século XIX. Formou-se em Agronomia pela Universidade Federal de Pelotas (RS), em 1976, e iniciou sua carreira em Santa Cruz do Sul (RS), onde implantou e dirigiu o primeiro Laboratório de Análise de Sementes da Proagro Pioneer S/A. O projeto, que marcaria o início de uma trajetória técnica sólida, envolvia a análise de sementes de milho, sorgo e forrageiras e é, até hoje, lembrado por ela com apreço.
Em 1985, mudou-se para Tubarão (SC), cidade onde criou raízes e se tornou agrônoma pioneira na orizicultura catarinense. Lá, fundou a empresa Rosiclér Maria Vanti de Bom FI, atual Agroás Agronomia Ltda., voltada à prestação de serviços agronômicos de excelência nas áreas de arroz irrigado, crédito rural, produção e certificação de sementes, armazenamento e uso de defensivos agrícolas, auditoria e capacitação.
Prestes a completar 50 anos de profissão, Rosiclér segue em plena atividade e demonstra entusiasmo com as inovações tecnológicas que atualmente integram a prática agronômica, como inteligência artificial e drones. Para ela, esses avanços tornam o trabalho mais dinâmico, preciso e desafiador. Entre os marcos dessas quase cinco décadas de atuação, ela destaca dois com orgulho: no início, o primeiro lugar obtido na graduação e, no momento atual, a Medalha do Mérito do Sistema Confea/Crea e Mútua 2025 — distinções que simbolizam uma vida profissional dedicada ao pioneirismo, à excelência técnica e ao fortalecimento da agricultura nacional.
Rosiclér receberá a premiação do Confea em outubro próximo, durante a 80ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (Soea), que será realizada em Vitória (ES). Conheça a trajetória desta profissional do Sistema Confea/Crea:
Confea: Quando a senhora percebeu a vontade de seguir em sua profissão?
Rosiclér: Analisando, por exclusão, profissões com as quais não tinha identificação. Por ocasião do estágio curricular para conclusão do curso de técnico agrícola no Laboratório de Sementes da Secretaria da Agricultura de Porto Alegre (RS), a identificação e a decisão: Agronomia com foco na ciência e produção de sementes.
Confea: Quais foram as principais referências para isso (mestres, familiares, influências)?
Rosiclér: Engenheiros agrônomos professores e engenheiras agrônomas orientadoras no estágio.
Confea: Quais são os seus principais projetos e feitos na sua área?
Rosiclér: O trabalho executado através da direção, gestão e responsabilidade técnica da Agroás Agronomia Ltda., empresa que tem como missão prestar serviços agronômicos de excelência que fortaleçam, com sustentabilidade social e ambiental, as atividades econômicas, através da implementação de soluções simples, eficazes e transparentes alicerçadas no conhecimento científico, na inovação, dedicação, ética, coragem e paixão pelo trabalho. Com atuação junto a produtores rurais, agroindústrias, associações, cooperativas e agentes do sistema financeiro nacional, destacando o Banco do Brasil, desde 1985, e a Cooperativa Agropecuária de Tubarão, em Santa Catarina, desde 1998. As principais atividades desenvolvidas relacionam-se com a orizicultura irrigada, crédito rural orientado, armazenamento e uso de defensivos agrícolas, controle de qualidade na produção e certificação de sementes de arroz, auditorias na certificação de unidades armazenadoras de grãos, palestras, conferências e cursos de pequena duração. Registro também os resultados advindos da transmissão do conhecimento acadêmico, fundamentais para o avanço da ciência e da tecnologia, difundidos através da docência exercida por 16 anos (2003-2018) na área de Fitotecnia – Tecnologia e Produção de Sementes, na Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) e através dos cargos honoríficos assumidos no âmbito nacional, estadual e municipal, citando no âmbito nacional, a Coordenadoria Nacional de Comissões de Ética dos Creas (CNCE) em 2014 e a Coordenadoria Nacional Adjunta da mesma Comissão em 2013. No âmbito estadual, a Coordenadoria da Comissão de Ética Profissional do Crea-SC, em 2013 e 2014, tendo sido conselheira da Câmara da Agronomia por duas gestões (2010-2015). No âmbito municipal, conselheira no Conselho Municipal do Meio Ambiente de Tubarão (2011-2022), tendo exercido a Secretaria-Executiva do Conselho por duas gestões.
Confea: Entre estes, qual a senhora destaca? Fale um pouco sobre ele.
Rosiclér: Todos igualmente expressivos porque cada um deles carrega, na sua essência, objetivos individuais e coletivos alcançados com companheirismo, aprendizagem e compromisso de promoverem resultados sociais, econômicos e ambientais positivos para a sociedade e para as atividades econômicas.
Confea: Qual a importância deste reconhecimento pelo Sistema Confea/Crea?
Rosiclér: Uma honraria inimaginável até bem pouco tempo. Ser reconhecida pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia com uma das maiores distinções concedidas a profissionais da área tecnológica, pelo mérito do trabalho prestado à sociedade, à agropecuária e à nação, traz consigo o valor, a distinção e a tranquilidade do dever cumprido com maestria. Inserido neste contexto, também está o reconhecimento pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina (Crea-SC) e pela Associação Regional de Engenheiros e Arquitetos Vale do Rio Tubarão. Oportunidades e pessoas de valor cruzaram e continuam cruzando meu caminho. Agradeço a cada uma delas. Agradeço a Deus pela constante companhia e a minha família pelo apoio e compreensão. E, se por muitos anos fui a única presença feminina nos eventos técnicos, hoje, envaidecida, constato o crescimento em número e importância das mulheres engenheiras. Cumpri com meu papel nesta trajetória. O conhecimento científico, necessário ao exercício da profissão, não discrimina, é para todos que dele se apropriam e com ele se dedicam independente de qualquer condição. Questionada sobre quando pretendo encerrar a atividade profissional, respondo que não tenho pressa. Agora está ainda melhor com todo esse avanço tecnológico. Já foi bem mais difícil em outros tempos.
Fonte: Confea