CREA-DF realiza Trilha Nacional de Capacitação do Programa Mulher com foco em burnout e saúde mental

O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Distrito Federal (CREA-DF) sediou mais uma etapa da Trilha Nacional de Capacitação do Programa Mulher, reunindo especialistas e lideranças do Sistema Confea/Crea e Mútua para um debate profundo sobre burnout, saúde mental, acolhimento e prevenção no ambiente de trabalho.

Abertura institucional

A abertura foi conduzida pela presidente do CREA-AM, Alzira Miranda, que reforçou o compromisso do Sistema em promover debates que impactem diretamente a vida das profissionais da engenharia, agronomia e geociências.

Alzira destacou que o burnout é um problema crescente e que falar sobre saúde mental dentro das profissões é uma ação de responsabilidade institucional.

A diretora da Mútua, Núbia, também participou e lembrou que a rotina acelerada — marcada pelo “não ter tempo pra nada” — tem adoecido cada vez mais profissionais. Segundo ela, múltiplas jornadas e acúmulo de responsabilidades têm afetado de modo severo a saúde mental das mulheres.

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Painel com psicólogas especialistas

O evento contou com a participação das psicólogas Ana Paula Mesquita, Jackeline Beraldo e Lucijane Vilar, que apresentaram reflexões sobre o avanço do burnout, seus sintomas e como desenvolver estratégias de autocuidado.

Jackeline Beraldo destacou que muitas mulheres são socialmente condicionadas a assumir tudo sozinhas, normalizando frases como “eu dou conta”, “só mais um pouco” e “deixa comigo”. Esse comportamento leva à exaustão física e mental.
Ela reforçou que colocar limites não é sinal de fraqueza — é autocuidado.

Jackeline também compartilhou sua própria vivência: aos 27 anos, enfrentou um burnout que evoluiu para um AVC. O episódio a fez perceber que “não é preciso provar nada para ninguém”, mostrando que reorganizar a rotina e priorizar a saúde é indispensável.

Entre os principais sinais de burnout, as especialistas apontaram:

  • exaustão emocional persistente

  • vida mecânica, sem propósito

  • irritabilidade e explosões emocionais

  • distanciamento e frieza afetiva

  • sensação de incapacidade e autocrítica severa

  • dores no corpo e dores de cabeça

“Acolhimento faz toda diferença”, ressaltaram, reforçando a importância de práticas como meditação, pausas diárias e o reconhecimento de si como indivíduo.

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NR-1 e os riscos psicossociais

A psicóloga e engenheira de segurança Lucijane Vilar apresentou como a NR-1 passou a contemplar os riscos psicossociais, tema que ganhou força diante do adoecimento crescente no ambiente de trabalho.

Ela explicou que riscos psicossociais envolvem fatores organizacionais e sociais capazes de gerar estresse crônico e sofrimento emocional.
Um dado alarmante apresentado foi o de que aproximadamente 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos anualmente devido à ansiedade e depressão.

Lucijane ressaltou que ouvir a própria angústia e reconhecer sinais de estresse crônico é essencial para impedir o avanço do burnout, que pode evoluir para despersonalização quando não tratado adequadamente.

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Encerramento

A etapa da Trilha Nacional de Capacitação do Programa Mulher no CREA-DF reforçou a importância do cuidado, da prevenção e do acolhimento.

A mensagem final do evento ecoou entre as participantes:
“Cuide de você, se ame e se coloque como prioridade. Seu brilho e sua saúde não são negociáveis.”

Ao promover debates como este, o CREA-DF reafirma seu compromisso com a saúde, o bem-estar e a valorização de todas as profissionais, demonstrando que cuidar de quem cuida do desenvolvimento do país é uma prioridade.

 

Catarina Angelini

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