O Dia do(a) Engenheiro(a) é uma oportunidade para celebrar os profissionais que, com seu conhecimento técnico, moldam a realidade que nos cerca. Frequentemente, a sociedade reconhece o engenheiro pelo resultado final: a ponte que conecta, a energia que ilumina, ou, no caso da indústria alimentícia, a comida que chega à nossa mesa. No entanto, existe um elo crucial e muitas vezes invisível que sustenta toda essa cadeia produtiva: a segurança do trabalhador.
Este é o cerne do desafio atual no Brasil: garantir que cada trabalhador que sai de casa para operar uma máquina retorne ao seu lar em segurança. A magnitude deste desafio é inegável. Dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho (SmartLab) revelam que, em 2023, foram notificadas 778,7 mil comunicações de acidentes de trabalho no país. Esses números alarmantes sublinham a urgência de uma proatividade empresarial que vá além da conformidade superficial.
A NR12: mais que uma norma, um compromisso com a vida
A Norma Regulamentadora nº 12 (NR12), Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos, é o pilar que traduz o compromisso da engenharia com a vida. Para o engenheiro mecânico, a NR12 não é apenas um conjunto de regras, mas o objetivo primordial de seu trabalho na indústria.
A NR12 exige que máquinas e equipamentos sejam seguros desde a fase de projeto até o descarte, passando pela fabricação, transporte, montagem, instalação, ajuste, operação, limpeza, manutenção e desativação. É a garantia de que, muito mais do que a comida na mesa, estamos garantindo a integridade física de quem está fabricando essa comida.
O trabalho do engenheiro mecânico, neste contexto, é fundamental e, paradoxalmente, discreto. Ele se manifesta na análise de risco detalhada, no cálculo estrutural de proteções fixas e móveis, na especificação de componentes de segurança e na validação técnica de sistemas complexos. É a engenharia mecânica que projeta a adequação que transforma um risco iminente em um ambiente de trabalho seguro.
O desafio multidisciplinar da engenharia de segurança
A adequação de um parque fabril à NR12 é um projeto de engenharia de alta complexidade que exige uma visão multidisciplinar. O sucesso não reside apenas na competência individual, mas na sinergia entre as diversas disciplinas da engenharia
• Engenharia Mecânica: Responsável pela análise de risco, projeto e dimensionamento de proteções físicas, dispositivos de intertravamento e sistemas de frenagem.
• Engenharia Elétrica: Garante a segurança dos comandos elétricos, a correta instalação de dispositivos de parada de emergência e a integridade dos circuitos de segurança.
• Engenharia de Automação: Implementa a lógica de segurança programada, assegurando que os comandos de segurança sejam redundantes e à prova de falhas, conforme a performance level (PL) exigida.
Essas disciplinas não apenas coexistem, mas convergem e andam juntas para garantir o sucesso de uma adequação. O engenheiro mecânico, ao identificar um risco, depende do engenheiro eletricista e do de automação para implementar a solução de forma segura e funcional.
Elevando o Nível de Consciência
A boa notícia é que muitas empresas no Brasil estão elevando o nível de consciência sobre a importância da segurança. E esse é o nosso papel como empresa de engenharia: não apenas fornecer soluções técnicas, mas atuar como um agente de transformação cultural, trazendo mais segurança e elevando o nível de consciência dos profissionais e empresas. A proatividade em investir em segurança é o primeiro passo para a excelência operacional e, acima de tudo, para a responsabilidade social.
Conclusão
O engenheiro mecânico, ao aplicar a NR12, está exercendo um papel de guardião da vida. É um trabalho que, embora não esteja na vitrine do consumo, é essencial para a dignidade e a sustentabilidade da indústria nacional. No Dia do(a) Engenheiro(a), celebramos não apenas a capacidade de construir, mas o compromisso inabalável de proteger.
Fonte: Confea




